Aqueles que os indígenas chamam de "brancos" incluem pessoas das mais diferentes origens e culturas. Pessoas que os indígenas não veem como semelhantes - seja por não possuírem uma história comum ou por não terem as mesmas tradições culturais dessas populações. Por isso o termo mais adequado para se referir a essa diversidade de pessoas é não indígena, em contraposição ao termo indígena.

Mas cada povo ou língua indígena dá também nomes específicos para os não indígenas e até para outros povos indígenas.

Os Yanomami, que vivem nos estados de Roraima e Amazonas, chamam os não indígenas de napëpë, que em sua língua significa “estrangeiro ou inimigo”.

Os Guarani Mbyá, que vivem nos estados do sul e do sudeste brasileiros, usam comumente o termo jurua, que quer dizer “boca com cabelo”. Esse nome é uma referência às barbas e bigodes dos conquistadores europeus, mas hoje é usado para se referir a todos os não indígenas.

Na Amazônia, outro povo falante de uma língua tupi, os Wajãpi, chama os brancos de kirahi. Já os Tupinambá, à época da colonização, usavam o termo peró para falar dos portugueses.

Já os Munduruku, que vivem na região do Rio Tapajós, no Pará, usam a palavra pariwat para identificar “os que não pertencem a esse lugar”, seus inimigos. Também no Pará, mas na região sudeste, vivem os Gavião Parkatejê, que chamam os não indígenas de kupen - um sinônimo de “outro” em sua língua.

Outro termo muito comum para chamar os brancos é caraíba, karaíba ou kajaíba. Na região do Xingu, no Mato Grosso, diversos povos diferentes, como os Mehinako, os Kuikuro, os Kalapalo e os Kawaiwete, usam variações dessa palavra.

Leia aqui uma narrativa kuikuro sobre o aparecimento dos caraíba. Leia aqui dez outras narrativas indígenas sobre a chegada dos brancos.

 

Indígenas que convivem muito com os não indígenas deixam de ser indígenas?

 

Criança Ikpeng, Parque Indígena do Xingu. Foto: Rosana Gasparini/ISA.
Criança Ikpeng, Parque Indígena do Xingu. Foto: Rosana Gasparini/ISA.

Não! Mesmo se relacionando com os não indígenas e passando a usar, por exemplo, panelas, roupas e, em alguns casos, até computadores, os povos indígenas continuam praticando suas tradições e continuam a se afirmar como grupos diferenciados, com culturas próprias. Afinal, o que define um indígenas como indígena não é sua aparência, mas todas as relações que ele tem com sua comunidade.