Em todo o mundo, os povos estão preocupados com o que fazer para que a água, uma importante fonte de vida, não se acabe. Um dos problemas é a poluição. Nas grandes cidades, os rios e córregos estão sendo poluídos pelo esgoto das casas e pelo lixo industrial.
Mas os povos indígenas também têm enfrentado esse tipo problema. Nas aldeias, Brasil afora, os rios e igarapés são muitas vezes contaminados por agrotóxicos que escorrem das plantações das fazendas que cercam as terras indígenas.
Inspirados pela importância da água em suas vidas, professores indígenas de diferentes povos que vivem no Parque Indígena do Xingu (MT) escreveram poemas! Abaixo você conhece abaixo dois deles, um de Kaomi Kaiabi e outro de Mutuá Mehinaku.
Natureza Amante
Sinto-me surpreendido pelo restante do meu sangue perdido
Mas ainda sou forte e existente pelo mundo
Sou criador dos meus filhos
E quero ser sempre livre como a natureza
Sou rio, onde ando todos os seres precisam de mim, porque sou único.
Um dia a água do meu leito secará e a verdade vai aparecer
E muitos vão sentir a sede.
Kaomi Kaiabi Fonte: Livro das Águas - Índios no Xingu, 2002
Riozinho
Eu sou riozinho que limpa o corpo das pessoas que vivem em cima de mim. Se não tivesse o rio, o povo ficaria sujo, passaria sede, meus amores morreriam, por isso eu nasci para eles.
Eu gosto de lavar as roupas, panelinhas e as coisas gostosas, eu gosto de entrar dentro do barquinho. Como eu sou água, gosto de correr e me movimentar no fundo.
Eu fico olhando os peixes me tomando e meus amores lindos me pegando para tomar e cozinhar suas comidas, daí que eu sofro de quentura do fogo. Amor, eu desejo que você me trate bem.
Como eu sou uma pessoa delicada, eu fico aguentando as coisas que me fazem de errado. Quando meu amor me esquenta, eu começo a evaporar, vou indo rumo ao céu, aí que eu vou chorar e lavar todas as terras.
Mutuá Mehinaku Fonte: Livro das Águas - Índios no Xingu, 2002