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Os espíritos dos ecossistemas

Pintura de Feliciano Lana

Na ciência da sociedade Ikpeng, todos os seres têm vida. A pedra é um ser que aparentemente não tem vida, mas na verdade é viva. Se não tivesse vida a pedra não existiria e não atrairia muitos peixes que ficam ao seu redor. Na nossa sociedade tem regra para quem tem filho pequeno, a pessoa não pode subir em cima da pedra, porque ela é uma casa dos espíritos dos peixes e de outros seres. A pedra pode ser muito perigosa, porque o espírito dela pode pegar a criança para ela. A praia também tem vida, tem seu espírito muito forte, por isso ela não desaparece e nada de um lugar para outro. Ela é traiçoeira, ela atrai vários espíritos.A natureza tem vários tipos de ecossistemas porque existe vida e espíritos diferentes em cada local. Por isso cada ecossistema tem a cor de terra diferente, os tipos de mato são diferentes, assim como entre os seres humanos existem pessoas gordas, altas, magras, baixas, cada um com sua vida e espírito. Nós Ikpeng temos classificação para alguns espíritos dos ecossistemas: A mata alta tem sua dona que se chama Enoy, ela é mulher, só que ela não tem a parte genital. É uma caçadora armada com sua flecha. É ela quem cuida deste tipo de mata. A mata meio alta tem seus espíritos que se chamam Mïyegu e Wiwoningkïn e um tipo de tatu canastra que fica dentro da terra. Agora os Wiwoningkïn são iguais aos seres humanos, por isso você não pode sair sozinho para caçar, é perigoso, precisa ter muito cuidado. Kanarot é um espírito do mato alto e baixo e fica mais no lugar onde existe tucum, ele é igual gente, só que é coberto com vários tipos de folhas. Otomowïra é um espírito de mato alto e baixo, só que ele é semelhante a um esqueleto de dinossauro. Por causa dele você não pode assobiar quando for caçar. Apariko é o espírito do mato baixo, ele é parecido com o calango. Texto de Korotowï, Maiua e Iokore Ikpeng

Fontes de informação

 

  • Ecologia, Economia e Cultura - livro 1 (2005), Associação Terra Indígena do Xingu (ATIX) e Instituto Socioambiental (ISA).

 

  • Ilustração de Napikü Ikpeng. Livro: Geografia Indígena (1996).
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